Como é fazer o programa executivo do MIT
Como é fazer o programa executivo do MIT
Alunos que estão fazendo o Sloan Fellows Program contam sua experiência; curso de 1 ano exige dedicação integral
Há várias formas e cursos para estudar no Massachusetts Institute of Technology. Já falei nesta coluna sobre a história de sua escola de negócios (Sloan School of Management), do campus e do MBA regular, que possui dois anos de duração. Nesse texto, gostaria de explorar o programa executivo de 1 ano de duração, o Sloan Fellows Program. Ao lado do programa de Stanford (MxS) e da London Business School (Sloan Masters in Leadership and Strategy), o Sloan Fellows Program é muito bem avaliado.
Um perfil comum que vemos nesses programas é o do alto executivo, que pensou em fazer um MBA, mas quando tinha a idade recomendada para este programa estava trabalhando, satisfeito com sua carreira e não achou que aquela fosse a melhor hora. Grande parte deles, buscou o Sloan Fellows depois dessa fase, quando já estava em uma situação mais confortável e tinha disponibilidade para um programa integral. Esse foi o caso do Marco Lucente, que antes de ir estudar no MIT, estava trabalhando com Corporate Development and Strategic Alliances, na Telefônica.
Um aluno atual
“Eu sempre tive o sonho de fazer um MBA em uma das principais escolas de negócios do mundo, mas por diversos motivos tive que adiar este plano. Eu já tinha praticamente desistido, por me considerar fora do perfil do candidato ideal para um MBA tradicional, mas eu considerava isso uma lacuna importante na minha carreira, e gostaria de preenchê-la de alguma forma. Comecei a pesquisar algumas opções de cursos de curta duração e o MBA Executivo, mas queria viver uma experiência em tempo integral, para me dedicar totalmente a este projeto. Foi nessa busca que descobri o MIT Sloan Fellows MBA Program”, disse Marco.
O Marco se inscreveu em 2017 e começou o curso em junho deste ano. “Já completei o “Summer Term”, primeiro período de aulas. A turma é muito boa, os alunos possuem muita experiência, as discussões em aula são de alto nível e os professores são excepcionais. Durante o summer, realizamos as matérias core, que têm o objetivo de promover o conhecimento básico dos principais tópicos de administração”.
Dados da escola
Sempre que visito as escolas, além de falar com alunos atuais e ex-alunos (alumni), procuro conversar com o maior número de pessoas possível, incluindo as responsáveis pelos processos de aplicações.
No MIT, me encontrei com a Cathryn Noyes, que é Admissions Associate da escola, e responsável principalmente pelo Sloan Fellows. Durante o nosso bate-papo, Cathryn me explicou sobre a distribuição de bolsas estudantis. Elas são realmente raras. Por outro lado, o MIT tem um dos programas de empréstimos mais generosos. É possível financiar até 100% do valor da tuition, com juros abaixo do mercado, e em um modelo de pagamento que pode ser realizado em até 20 anos.
Também falamos sobre e a presença feminina no MIT – que no programa deste ano, por exemplo, é de somente 23%. Segundo ela, toda a equipe está trabalhando para entender quais são os desafios e questões de liderança que as mulheres enfrentam e o que fazer para conseguir atraí-las com maior assertividade.
Para entender melhor este perfil do aluno do Sloan, me encontrei em maio deste ano com a Ana Paula Blanco, que iniciou em 2017 o Sloan Fellows Program, e concluiu no primeiro semestre de 2018. Ela era diretora de operações de 6 países da América Latina na GE e, depois de terminar o processo de fechamento da empresa em alguns destes países, resolveu encarar um novo desafio.
Queira estudar e ficou em dúvida entre a London Business School, o MIT e Stanford. Resolveu aplicar para o MIT na véspera do Natal e estava com todo o processo completo em 31 de janeiro, que era o prazo final. Ana foi aprovada e se mudou para os EUA com a família.
Seu objetivo era “se globalizar”, entender mais sobre empreendedorismo, e se educar nas novas tecnologias como inteligência artificial e blockchain. Não apenas para se atualizar, mas também para saber recrutar pessoas com um perfil mais inovador e empreendedor.
“O programa é intenso e tem uma demanda intelectual alta. Durante o verão, a carga horária é de escola. É como se você voltasse no tempo. Esquece a camisa de seda e o salto alta, pega a mochila, a calça, o tênis e veste a blusa. Todo mundo passa por esse processo – entramos executivos e saímos estudantes de novo. Inclusive com uma postura mais humilde”, disse Ana.
As aulas do verão são de nivelamento e obrigatórias para todos. Depois, o currículo fica mais flexível. Nesta última etapa, Ana Paula me disse que procurou formar grupos com pessoas diferentes para ter contato com outras opiniões e visões, sempre ficando atenta a quem fazia perguntas totalmente diversas das dela.
O que pode ser melhor no programa?
Pensando em sua experiência pessoal, Ana gostaria que a participação obrigatória nos cursos de verão fosse melhor avaliada. Algumas pessoas são experts em determinados assuntos e, a despeito disso, precisam estudá-lo durante o verão. Para ela, por exemplo, fazer operations não fez o menor sentido. “Fiquei pensando que talvez não faça sentido para a pessoa que tem o conhecimento, mas para o MIT, uma escola colaborativa, faz sentido. Isso porque cada pessoa pode contribuir com sua expertise e aumentar a média do grupo.”
Ana também achou o módulo de inovação fraco e disse que viu muita coisa melhor e mais interessante no próprio MIT. Fora do curso.
Os professores
Os fellows são mais experientes e, portanto, mais exigentes. Alguns professores gostam porque falam que aprendem demais. Outros não gostam tanto porque gera mais trabalho e pressão. Ninguém fica sem graça de encurralar um professor até ele dar uma resposta satisfatória, por exemplo.
Para Ana, alguns deles não agregam muito por serem extremamente teóricos e pesquisadores. Mas independentemente disso, ela ressalta que os materiais são sempre bons: “Você pode ficar dependendo do professor ou pode aproveitar os materiais e se desenvolver”.
Dentre os professores que ela mais gostou, estão Nittai Bergman (finanças), Duncan Simester (marketing), Robert Freund (analytics edge) e John Sterman (System Dynamics).
Flexibilidade no currículo
Na Sloan, você pode usar os seus créditos de formas diferentes: em aulas, fazendo estudos independentes, preparando uma tese, cursando matérias em Harvard ou nos chamados Labs, que são projetos em empresas reais.
“O que chamou minha atenção foi essa flexibilidade, tanto para o que você vai aprender quanto como isso vai acontecer. Além disso, uma das coisas que vale mais no programa são as oportunidades de encontrar pessoas interessantes e trocar experiências. Estas interações são muito ricas”, explica Ana.
“Como executiva, você é treinada a responder, a ter as respostas certas de forma rápida. Se não prestar atenção é muito fácil parar de perguntar, de prestar atenção, de olhar pra fora. Aqui, comecei a ser mais questionadora em assuntos que eu não dominava e até em questões em que tinha maior conhecimento. Passei a tentar trazer à tona diferentes visões sobre os processos. O fato de sermos uma turma onde haviam 39 nacionalidades com os mais diversos históricos profissionais ajudou muito. Foi a primeira vez que realmente senti o poder da diversidade.”
*Fernanda Lopes de Macedo Thees fundou a Loite em 2007, onde trabalha com desenvolvimento de profissionais principalmente através do Coaching e MBA Prep. Mora em São Paulo, mas adora viajar, seja para Juiz de Fora para ver a família e amigos, ou pelo mundo