Por dentro da Wharton School
Por dentro da Wharton School
Tudo sobre o MBA da primeira escola de negócios do mundo
A tradição e o pioneirismo acompanham a Wharton School desde a sua criação. Com o título de primeira Escola de Negócios do mundo, foi fundada em 1881 pelo empresário industrial americano Joseph Wharton. Com sede na Universidade da Pensilvânia (UPenn), que faz parte da famosa Ivy League (composta por 8 universidades, sinônimo de excelência acadêmica e objeto de desejo de vários estudantes ao redor do mundo), a Wharton tem como pilares incentivar o espírito de inovação, a capacidade analítica e o empreendedorismo no mundo dos negócios.
Desde o início, seu foco é formar líderes visionários, que atuem em empresas, no governo e em organizações sem fins lucrativos, impactando assim, diversas partes da sociedade. Entre os ex-alunos famosos da Universidade da Pensilvânia, estão Elon Musk (CEO da Tesla e Space X), graduação em Economia; Sundar Pichai (CEO do Google), MBA; Donald Trump (Presidente dos EUA), Warren Buffett (investidor e filantropo), Laurene Jobs (investidora), Mauricio Macri (presidente da Argentina).
Ao longo das décadas, a ambição da escola foi além: a instituição quer se tornar a mais abrangente fonte de conhecimento de negócios no mundo. Durante a minha última visita a Wharton, em janeiro deste ano, pude ver essa cultura tradicional e prática refletida em vários aspectos e também em pequenas simbologias, como nas frases que encontramos pelo caminho da universidade: A true friend is the best possession (“Um amigo verdadeiro é a melhor possessão”).
Atualmente, a Wharton conta com mais de 235 membros em seu corpo docente, 96 mil ex-alunos, 5 mil alunos em 10 departamentos acadêmicos, 20 centros de pesquisa e mais de 9 mil participantes em eventos anuais de educação executiva.
Conhecendo o campus
A UPenn tem 28 prêmios Nobel e é a segunda escola com o maior número de bilionários. Na primeira vez que estive por lá, estava indo para a casa de uma grande amiga que tenho desde a infância, que mora em Delaware (EUA). Como meu voo chegava pela Pensilvânia, fiz o que sempre faço: aproveitei para conhecer a universidade local. Tive uma reunião com uma representante da área de Carreiras, caminhei um pouco pelo campus e percebi que precisaria de muito mais tempo para conhecer melhor a UPenn, e principalmente a escola de negócios deles, a Wharton School.
Este ano me programei para passar o dia todo só em Wharton, pois queria rever algumas pessoas, conversar com alunos, fazer minhas tradicionais reuniões com pessoas da escola, e além disso, me cadastrei na “info session” do programa de MBA. Pessoalmente, fui tentar descobrir o que a escola faz para ter o 3º melhor MBA do mundo, segundo o tradicional ranking do Financial Times (Wharton perde apenas para Stanford e Insead). Considerando outro ranking, do US News, a escola também figura na terceira posição, ficando atrás de Harvard e Chicago Booth.
Pontos fortes dos cursos
Um MBA de Wharton oferece as habilidades de negócios e liderança necessárias para realizar suas metas ao longo da carreira, mas quer ir além. Um comentário comum que ouvi é que a escola dá aos alunos tempo e recursos para explorar o que o mundo tem para alguém com ambições menos tradicionais – aquelas que geralmente não cruzam com caminhos típicos de carreira. É orientar, por exemplo, um aluno que que realizou um viagem longa pelo continente da África e que buscava redirecionar a carreira para lá.
A escola também abre caminhos e dá ferramentas para quem quer empreender, como me conta Nicholas Reise, aluno do MBA da turma de 2011. Americano muito mais brasileiro do que vários brasileiros que conheço, Reise é CEO e cofundador da Xerpa, empresa com sede em São Paulo e que vende soluções de inovação para o RH.
“Não tive essa mentalidade na época, agora como empreendedor, reparo que teria me beneficiado bastante em correr atrás de algum projeto e utilizá-lo para tangibilizar o curso e – provavelmente – falhar, mas dentro de ambiente seguro, na preparação para um segundo empreendimento depois do MBA”, disse Nicholas.
Segundo ele, essas aprendizagens não se limitam à sala de aula – os Wharton Leadership Ventures (expedições, viagens e workshops) te incentivam a se jogar em desafios relevantes para futuros empreendedores, aprendendo como trabalhar em grupo em situações difíceis e de desconforto. “Uma recomendação talvez não tão comum seria: se você tiver alguma intuição de não ir no caminho mais típico (banking, consultoria), faça esse compromisso com você mesmo desde o início do curso. Identifique dois ou três setores que te interessam, mapeie as empresas nesses segmentos, e corra atrás das pessoas para tomar um café com eles, explore como seria trabalhar numa delas. Vai valer a pena, tenha confiança para ficar fiel ao compromisso contigo mesmo e vá all-in na busca do que você quer”, diz Nicholas.
Os alumni da Wharton trabalham constantemente em rede, com processos de mentoria, aprendizados e troca de experiências. Aqui no Brasil não se encontram pessoalmente com muita frequência, mas os comentários são de que colegas e ex-alunos estão acessíveis para troca de conhecimento. “A escola me abriu uma rede de alumni no Brasil que ajudou a rapidamente me integrar na comunidade para achar oportunidades não tão obvias no início”, diz Nicholas.
Um ponto de atenção mencionado pelo Leonardo Finkler, aluno da classe de 2018 do MBA, é a falta de divulgação que Wharton tem no Brasil, comparado com a representatividade de outras escolas de negócios dos Estados Unidos. Para quem é da área de negócios, esse comentário pode parecer injusto, mas realmente é comum pessoas de outras áreas conhecerem Harvard, Yale, e outras, mas não terem ouvido falar de Wharton.
De acordo com alunos das classes de 2018 e 2019, que encontrei, há também outros diferenciais na escola:
1) Expandir as suas habilidades de liderança em negócios
Todo o programa de MBA da Wharton é focado em impulsionar a produtividade, o crescimento e o progresso social.
2) Desenvolver a capacidade analítica
A reputação da Wharton como “a escola de finanças” é merecida. O conteúdo do MBA exige uma análise de dados rigorosa por parte dos alunos em todo o programa. A tomada de decisões baseada em dados é praticada e sempre estimulada, o que te ajuda a se transformar em um gestor visionário e pragmático ao mesmo tempo.
3) Aumentar a sua visão empreendedora
Transformar boas ideias em negócios escalonáveis e sustentáveis está entre as discussões mais frequentes que envolvem professores, alunos e alumni da Wharton. A abordagem desafia conceitos, fomenta novas soluções e fornece o know-how para transformar empresas incipientes em organizações fortes e duradouras.
Na programação do “MBA Admissions & Campus Visit”, a aula de Design Thinking era uma das muitas que tínhamos como opção para participar, conhecer melhor alguns alunos, professores, instalações e o clima da instituição no geral. Escolhi essa por ser uma aula prática. Imaginei que em algum momento haveria interação com os alunos – o que, de fato, houve quase o tempo todo. A aula dinâmica e alunos que trabalham de forma colaborativa fizeram dessa uma ótima experiência
4) Impactar globalmente
A popularidade e o reconhecimento da Wharton continuam crescendo em todo o mundo. Já são três escolas de negócios na Ásia.
5) Participar do futuro da educação empresarial
O compromisso da Wharton se estende muito além do seu tempo no campus. A escola se torna uma rica fonte de aprendizagem ao longo de toda a carreira. O importante é encontrar melhor maneira para que você contribua para o ambiente de aprendizado e também esteja em constante evolução, absorvendo novos conhecimentos.
Programa de MBA e processo de admissão
Se você tem interesse em fazer um MBA ou algum dos cursos que oferecem, o round 1 de applications costuma começar por volta de setembro, mas esse é o momento quando você pode já submeter todo o seu material, o que significa que sua preparação precisa começar bem antes. Geralmente, as pessoas focam primeiro em tirar uma boa nota do TOEFL e GMAT, e em seguida começam a preparação de essays e cartas de apresentação. A última etapa é a entrevista e discussão em grupo, etapa para qual você precisa ser convidado.
Os números da Wharton
No ano letivo 2016-2017, a Wharton teve 4.993 alunos distribuídos em 4 programas de graduação:
• 2.559 alunos de graduação
• 1.775 estudantes de MBA
• 445 estudantes da EMBA
• 214 doutorandos
Ano de fundação da universidade da Pensilvânia (UPenn): 1740
Ano de fundação da escola de negócios Wharton: 1881
Número de alunos do MBA: classe 2019 – 863 no total (44% mulher e 33% estrangeiros).
Localização: Filadélfia, Pensilvânia, EUA
Principais cursos e duração:
– MBA – 20 meses, tempo integral;
– MBA/Lauder: 24 meses, tempo integral;
– MBA Executivo: 24 meses, podendo ser na Filadélfia ou em São Francisco (neste modelo você pode continuar trabalhando, e precisa de aproximadamente 10 anos de experiência profissional);
– PhD em 9 áreas ligadas a negócios;
– Cursos de educação executiva para várias áreas e diferentes durações.
Você não pode perder:
Além de vários professores altamente capacitados (que todas as boas escolas também têm), você não pode perder o Wharton Startup Showcase e oportunidades de combinar estudo e viagens através dos “study abroad semesters”, Wharton International Program trips, ou Wharton Leadership Ventures.
O que aproveitar fora do curso:
A Filadélfia é uma cidade linda, com muita história, e perto de grandes cidades, como Nova Iorque e Washington DC, por exemplo. Há bastante para explorar na cidade, e também muitas coisas para fazer por perto nos finais de semana. Que tal procurar um novo restaurante (como esse que a Daniella Pifano me levou, o White Dog Café, todo decorado com tema de cachorros – e delicioso!), experimentar o famoso sanduíche Philly Cheese, parar com amigos em um BYO beer, ir para um karaoke, ou se perder caminhando, como Forest Gump, “in the streets of Philadelphia”?
*Fernanda Lopes de Macedo Thees fundou a Loite em 2007, onde trabalha com desenvolvimento de profissionais principalmente através do Coaching e MBA Prep. Mora em São Paulo, mas adora viajar, seja para Juiz de Fora para ver a família e amigos, ou pelo mundo