O que pensam os alunos do MBA de Yale?
O que pensam os alunos do MBA de Yale?
Conversamos com Andrea Rozenberg e o Thairo Arruda para saber mais sobre a experiência de fazer um MBA em Yale
Meu texto anterior sobre Yale falou dos aspectos mais gerais do MBA. Neste vou trazer a visão de dois alunos atuais/MBA Candidates 2019, a Andrea Rozenberg e o Thairo Arruda, que dividiram com a gente suas expectativas, planos, o que gostam ou não na escola, e muito mais.
Já conhecia o Thairo e foi ótimo encontrá-lo lá este ano, pois ele fez um tour completo na nova escola — sim, a Yale School of Management (SOM) está com um prédio novo e talvez o mais bonito de todos que visitei ultimamente. Antes de ir para Yale, o Thairo foi Senior Analyst no ItauBBA, e saiu para se associar à startup End-to-End Analytics, que trabalha com soluções de supply chain.
A Andrea, antes de ir para Yale, trabalhou por quatro anos como Strategy Consultant na PwC, e fez dois summers este ano, um na United Nations e outro na REDF.
Em que momento profissional e de vida estava quando resolveu fazer o MBA?
Andrea: Após ter trabalhado 2 anos como empreendedora e 4 anos em uma consultoria de estratégia, senti que era hora de “reciclar meus conhecimentos” e abrir a cabeça para experiências de fora. Além disso, há tempos vinha pensando em aprender mais sobre modelos de negócios inclusivos e explorar o movimento a favor de um capitalismo mais consciente. Decidi, então, fazer o MBA para me expor a uma realidade mais ampla e, ao mesmo tempo, mergulhar nesses e outros temas que eram do meu interesse.
Thairo: Eu vinha de quase 10 anos de experiência profissional em consultorias e banking, duas das áreas mais atrativas para MBA. Por isso, eu convivi com muitos colegas de trabalho que já fizeram ou pretendiam fazer MBA no exterior. Para mim era nítido o preparo desses profissionais muito acima da média. Desta forma, eu almejava um dia seguir esse caminho. Contudo, eu gostaria de me preparar para desfrutar o curso da melhor forma possível. Hoje, com 32 anos, vejo como foi importante para mim crescer profissionalmente antes de iniciar. Quando eu estive numa posição relevante em minha empresa, com exposição a profissionais C-Level, decidi que o momento ideal de ingressar no MBA e alavancar minha carreira. Fosse aos 25-27 anos, minha experiência em Yale não seria tão frutífera e gratificante como está sendo hoje.
Fernanda: O que fez você escolher a Yale SOM?
Andrea: Yale me chamou a atenção por vários fatores. Além de a universidade ter um nome forte internacionalmente, de cara me identifiquei com a cultura da escola e dos alunos. Adicionalmente, o MBA de Yale oferece uma série de oportunidades que vão além da School Of Management (SOM). Por exemplo, as outras graduate schools (como o Jackson Institute, School of Architecture, School of Forestry) oferecem cursos excelentes, bem como a oportunidade de conviver com alunos de perfis diferentes.
Outro fator que pesou na decisão foi a vontade de participar de um programa relativamente pequeno, que proporcionasse uma experiência de maior intensidade e integração. Por fim, existia simplesmente um “gut feeling” me dizendo que eu deveria ir para lá — algo que aprendi ser extremamente importante na hora de escolher um programa de MBA!
Thairo: Além de Yale, eu fui aprovado em outras 4 escolas (Cornell, Michigan, Tuck, e Duke), das quais duas (Cornell e Michigan) com bolsa parcial. Amigos e colegas de trabalho ex-alunos de MBAs me orientaram a relevar às bolsas já que, depois de concluído o curso, o valor da bolsa seria recuperado em questão de poucos anos. Nesse sentido, eu eliminei Cornell, Michigan, e Duke, ficando entre Yale e Tuck. Confesso que a decisão foi muito difícil, ainda mais por que meu ex-chefe, que é um grande amigo e fez inclusive cartas de recomendação, é ex-aluno de Tuck. No final, 3 fatores favoreceram Yale sobre a Tuck: a marca da escola (principalmente fora dos EUA), o reconhecimento por ser a escola de social impact, e a localização/cidade.
Fernanda: Quais são suas impressões gerais sobre a escola?
Andrea: Eu gosto muito de Yale. A cada dia, a escola me surpreende e reforça minha escolha. Por exemplo, sempre há palestrantes super legais vindo ao campus, ou algum novo projeto interessante surgindo. Sinto que poderia ficar o dobro do tempo na SOM e, ainda assim, não conseguir fazer metade das coisas que gostaria. É claro que há pontos a serem desenvolvidos (especialmente pelo fato de a escola ainda ser relativamente nova). Contudo, acho a atitute da comunidade de SOM muito positiva em termos de buscar sempre melhorar nosso ambiente e buscar um crescimento coletivo constante.
Thairo: Sem dúvida, fazer MBA foi uma das decisões mais acertadas da minha vida. Chegar a Yale e ser parte de uma comunidade de pessoas brilhantes de todos os cantos do mundo é muito gratificante. O dinamismo e a exigência pela excelência é tão alta que o crescimento intelectual é inevitável.
Eu não tinha ideia do valor da marca de Yale para meu currículo. Nesse ano que passou, não consigo nem contar quantas foram as vezes que a marca me ajudou. Portas se abrem só de mencionar que sou estudante de Yale. Como exemplo, estou organizando uma conferência do futebol na escola. Por ser Yale, grandes palestrantes, que usualmente cobram caro por suas palestras, aceitam meu convite e se entusiasmam quando veem que é um evento de Yale. Poucas escolas no mundo têm esse incrível benefício que a marca proporciona.
A qualidade acadêmica é fenomenal. Nós, estudantes, temos surpresas quase diárias pela presença dos “donos dos cases” em aulas. Estávamos, por exemplo, em um debate sobre a quebra da patente do coquetel da AIDS, com o professor dividindo a aula com o cientista que desenvolveu os remédios. É simplesmente de arrepiar.
Fernanda: Quais os pontos fortes da escola?
Andrea: Espírito colaborativo dos alunos, amizades, diversidade de atividades, eletivas muito interessantes, bons professores, oportunidades fora da SOM.
Thairo: As oportunidades são infinitas. Basicamente o aluno deve escolher em que se dedicar. Em Yale, eu escolhi fazer parte de uma ONG de médio porte dos EUA (Sarah Inc), como board member. Também sou copresidente do Soccer Club. Estamos liderando a Yale Soccer Conference 2019. Sou professor auxiliar do curso de Leadership Lab, e admissions interviews.
Sem dúvidas, um dos grandes diferenciais de Yale é o curso IE (international experience). Todo ano, os alunos se dividem e viajam para diversos países com toda a logística e planejamento organizados pela SOM. Em março desse ano eu e outros 30 alunos fomos para a Índia, onde passamos 22 dias super intensos. Ao todo, visitamos 27 empresas, órgãos públicos e ministérios, entendendo a dinâmica do país. Ainda pudemos nos reunir com o ex-presidente Pranab Mukherjee.
Yale SOM está sempre aberta a todas as iniciativas de todos os alunos. Quando tive a ideia de fazer uma conferência para discutir o business na indústria do futebol, Yale já me direcionou para equipes de funcionários para me ajudar na organização, e simplesmente se encantaram com a ideia.
A Yale Soccer Conference será realizada dia 9 e 10 de fevereiro de 2019. Já temos muitos palestrantes confimados, entre os quais CEOs de grandes clubes da América Latina e Europa, presidentes de ligas e confederações, professores notáveis na área, e ex-jogadores. Não fosse a marca de Yale e o suporte por eles oferecido, sem dúvida essa iniciativa não sairia do papel.
Em suma, eu vim para Yale com a cabeça aberta para aprender tudo o que eu pudesse e quebrar meus paradigmas se preciso fosse. E a escola realmente proporciona todas as oportunidades que eu almejava.
Fernanda: O que poderia ser melhor?
Andrea: Gostaria que a escola desse maior apoio para recrutamento fora dos Estados Unidos. A maioria das empresas que vem ao campus é americana e, como aluna internacional, gostaria de explorar mais possibilidades mundo afora. Além disso, acho que a experiência acadêmia do primeiro ano acaba sendo tão intensa que deixa pouco espaço para atividades que demandem maior tempo longe da escola (tais como viagens).
Thairo:
– Existe uma grande pressão sobre o “próximo passo da sua carreira”. Isso é uma característica de todos os programas de MBA. Todos que chegam até aqui já têm um bom track record na sua carreira, mas durante o ano existe essa pressão da escola e dos colegas a respeito do summer, depois do full time job. Estima-se que 30% do tempo do MBA é dedicado a recruiting. Acredito que seja uma perda de energia exagerada e que poderia ser melhor aproveitada.
– Existe “respeito” sobre as opiniões, mas nem sempre você pode dizer o que pensa pois é reprimido. Isso muitas vezes não permite uma conversa mais profunda sobre temas. Por exemplo, se qualquer aluno diz que aprova o governo do Trump, ele já é reprimido por todos os grupos. Aqui as minoria são bem vocais, cada qual defendendo suas pautas. O problema é que muitas aulas se tornam “politizadas”. Eu me lembro de uma aula de operations, em que estávamos estudando as dificuldades logísticas na África. Um dos alunos reclamou em sala de aula que o vídeo que o professor mostrou sobre o problema só tinha negros em situação precária. Em uma aula de supply chain, qual é a relevância desse tema? Esse é apenas um exemplo de como essas visões políticas influenciam no dia a dia do curso.
Fernanda: Quais foram os professores/ aulas de maior destaque, imperdíveis para quem fizer o programa?
Andrea: Dentro do core curriculum, tive professores extremamente carismáticos que transformaram matérias “secas” em experiências de aprendizado divertidas (como Peter Schott, de Macroeconomics, e Art Swersey, de Statistics & Probability). Quanto a eletivas, tenho escolhido muitas em torno do tema de impacto social. Nesta área, encontrei professores incríveis e com experiências práticas muito relevantes, tais como Blair Miller (Aligning Profit and Purpose) e Saed Alizamir (Managing Sustainable Operations).
Thairo:
– O primeiro ano é 80% de matérias de nivelamento e 20% opcionais. O segundo ano é 100% de matérias opcionais
Matérias que mais gostei no 1º ano:
– Aula State and Society, com o prof. Mushfiq Mobarak. No final de cada aula, eu pensava “Uau! Vale cada centavo estudar aqui”. Essa matéria quebra paradigmas da sociedade, e mudou minha visão de mundo, aprofundando muito minha forma de pensar sobre a sociedade. Alguns temas: Para que servem as patentes? Privatizar prisões é o melhor caminho? Como resolver o gap salarial entre homens e mulheres? Tipos e causas da corrupção, etc.
– The Global Macroeconomy, com o prof. Peter Schott. 80% aula expositiva e 20% case, que considero o melhor modelo para esse curso. São dois meses de curso com uma grande intensidade de trabalhos e leituras, que me deu boa noção sobre o papel do banco central nos países. Durante meu summer job, na ONU do Líbano, eu desenvolvi um projeto de criação de empregos para refugiados Sírios. Muitas vezes eu recorri à macroeconomia para entender as diversas causas do enfraquecimento econômico do país.
– Advanced Negotiations, com Barry Nalebuff e Daylian Cain. Nessa matéria os professores criam diversas situações de negociação com muito conteúdo prático. Aprendi, por exemplo, como negociar melhor minhas ofertas de emprego, como ter sucesso em negociações com baixa possibilidade de concretização, e como extrair ao máximo da contraparte.
Fernanda: O que dá pra fazer nas horas vagas?
Andrea: A escola oferece TANTAS oportunidades (incluindo atividades culturais) que é quase difícil querer sair dela para fazer outras coisas. Mas, fora das paredes de vidro de SOM, gosto de fazer esportes e sair com os amigos. Temos uma academia gigante chamada Payne Whitney, onde costumo jogar squash com outros alunos e fazer musculação. Já as saídas são geralmente ao redor do centro de New Haven, onde há bons restaurantes e um bar exclusivo para graduate students (chamado GPSCY), onde há um ambiente legal para conhecer alunos de outras escolas. Por fim, gosto muito de ir ao College Street Music Hall — uma casa de shows onde já tive a sorte de ver várias das minhas bandas preferidas.
Thairo: New Haven é a cidade ideal para um MBA. Pequena o suficiente para manter a comunidade de estudantes bem unida, e grande o suficiente para proporcionar diversas oportunidades de lazer, além de ser próxima a Nova York e Boston. Em relação a esportes, eu me dedico quase que exclusivamente ao futebol, que jogo 3 vezes por semana, e participo de diversos torneios nos EUA. Basicamente temos grupos de alunos em muitos esportes. O Hockey Club é muito frequentado, Golf, Squash, Tênis, Volleyball, Basketball, etc. Praticar esportes aqui é muito fácil.
New Haven possui dois grandes parques: East Rock and West Rock, que são muito atrativos para fazer trilha, bike e caminhada na natureza. A vida social também é muito intensa. Temos diversas opções de festas toda semana que, principalmente no inicio do curso, são fundamentais para criar estreitas relações de amizade.
Fernanda: Três palavras que você usaria para definir a SOM
Andrea: Colaborativa, consciente, rica em oportunidades.
Thairo: Excelência, sonho, oportunidade.
Depoimento aluno MBA Classe 2003
Raphael Zagury, MBA 2003 – Fintech, Cryptocurrencies & Economics, Portfolio Management; Entrepreneur | Lifestyle, Ultra Running, Ironman Racing
“Fiz intercâmbio para os EUA com 15 anos e aquela experiência me deixou com a certeza de que algum dia gostaria de estudar fora. Em 2001, apliquei para alguns cursos de MBA e de todos em que passei, me identifiquei muito com Yale. Um curso menor e com um currículo mais amplo. A verdade é que estava indo para o MBA para pensar melhor no que gostaria de fazer. O curso ampliou meus horizontes de uma maneira que não esperava. Até hoje (15 anos depois de formado), meu modo de pensar continua sendo positivamente influenciado pela experiência do MBA. Conseguir pensar “out-of-the-box” alavancou minha carreira de uma maneira que nunca poderia esperar e em 15 anos tive oportunidades fantásticas que certamente nunca teriam se concretizado se não fossem pelos 2 anos passados em New Haven.”
*Fernanda Lopes de Macedo Thees fundou a Loite em 2007, onde trabalha com desenvolvimento de profissionais principalmente através do Coaching e MBA Prep. Mora em São Paulo, mas adora viajar, seja para Juiz de Fora para ver a família e amigos, ou pelo mundo